fevereiro 28, 2022

Expetativa


 
Expetativa - acrílico sobre tecido, lado menor: c. 155cm

- Carimbos -

fevereiro 25, 2022

Forte convicção - III

Ramon emigrou para um país que lhe dava a oportunidade de ter uma melhor vida. Com um trabalho dignamente remunerado, em pouco tempo ficou numa situação confortável, como nunca havia experimentado no seu país. Era uma sociedade diferente da sua, mas que ele sempre havia admirado. Nela até existia pena de morte, coisa que não havia no seu país mas que ele gostaria que houvesse. A vida corria-lhe bem até que, erradamente, foi acusado dum assassinato que não cometeu. Por mais voltas que desse, o advogado de Ramon não conseguiu contrariar a acusação e provar a sua inocência, acabando por ser condenado à morte. Entretanto, tocado por tão extrema injustiça, alguém que havia ajudado na farsa apresentou elementos que serviram de prova para desmontar e conluio. Assim, a sua vida foi salva e posto em liberdade. Logo o Ramon decidiu voltar para o seu país, onde criou uma associação contra a pena de morte e as injustiças que, em geral, podem ser praticadas pela justiça.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas

fevereiro 23, 2022

País irregulado

        Terra retângulo 
        Irregular
        Com onze pedaços
        Espalhados no mar
        Formando um triângulo
        Irregular

        Imensos calhaus
        O fazem desabar
        Tombando-o por terra
        Afundando-o no mar
        Assim há muito tempo
        Em modo regular

- do projeto Poemas com e sem penas -

fevereiro 19, 2022

Jack D. Forbes - Colombo e outros canibais


Jack D. Forbes é índio pele-vermelha, professor universitário na Califórnia e investigador da conquista do Novo Mundo pelos europeus. Em Colombo e outros canibais faz um retrato sério e correto, logo impiedoso, do comportamento de espanhóis, portugueses e ingleses aquando das bárbaras invasões dos territórios onde antes viviam os indígenas, mostrando a monstruosa e vergonhosa face das descobertas e das conquistas em terras americanas. Antígona, Editores Refractários. 

- Livros -

fevereiro 17, 2022

Forte convicção - II

O Emanuel estudou Teologia e foi padre católico. Depois, tentado pelos prazeres da carne, deixou a vida religiosa, casou e teve filhos. Contudo, manteve a sua fé religiosa. Homem culto, dado a muitas leituras e a escritas, sempre defendeu a vida como bem supremo. Imbuído de fortes convicções éticas religiosas, era contra tudo o que pusesse em causa a vida e a dignidade humanas: humilhação, tortura, pena de morte, eutanásia... Já com idade avançada, o Emanuel apanhou uma doença incurável, que se agravou ao longo de anos e o fez sofrer imenso. Então, pediu que lhe fosse aplicada a eutanásia, para que não se prolongasse o sofrimento em que se encontrava. Mas, por cá, a legislação que ele sempre defendera não a admite.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas

fevereiro 14, 2022

Marcas de tinta no corpo

 
No decorrer das sessões de pintura surgem imagens como esta, quando o corpo é utilizado para fazer carimbos ou decalques sobre tecidos.

- tinta no corpo -

fevereiro 12, 2022

Forte convicção - I

A Isabel é casada com o Tomé, têm ambos 68 anos. Ela é negacionista, recusando-se a tomar a vacina contra o covid-19. Diz que sempre foi saudável, que só come produtos biológicos, que não acredita na medicina nem precisa dela. Quer dizer, não acreditava e achava que não precisava até quando apanhou covid-19. Logo os primeiros sintomas foram sofríveis, sobretudo a falta de ar. A caminho do hospital dizia-se arrependida por não ter sido vacinada. Ficou hospitalizada trinta dias, a oxigénio, com o caso mal parado. Quando saiu precisou de fazer fisioterapia, pois o corpo ficou muito fraco. O Tomé também apanhou covid-19 mas, como tomou as doses recomendadas da vacina, ficou bem, apenas com sintomas leves. A Isabel diz que assim que puder tomará também a primeira dose, e depois todas as que se entenderem necessárias.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

fevereiro 08, 2022

Um filme interior

Muitas vezes, quando fecho os olhos no escuro da noite, e com a lâmpada do quarto apagada, projetam-se luzes multicores no interior das minhas pálpebras, vindas dum foco situado dentro do meu cérebro. Vejo uma paisagem de cores e manchas luminosas, que se move e se transforma com os suaves movimentos dos meus olhos, ou apenas com o que penso. É um filme meu, numa sala só minha, onde sou o único espetador.

- do projeto Noitário de um insone -

fevereiro 05, 2022

Musa da música

 
Musa da música - Acrílico sobre tela

- Nus e seminus - 

fevereiro 02, 2022

Autorretato jovem


Descobri esta relíquia há dias num recanto do sótão da casa dos meus pais, onde vivi dos 11 aos 25 anos. Trata-se de uma tela pintada a têmpera, com pouco mais de um palmo de altura. É um autorretrato incompleto, pintado por volta dos meus 20-21 anos. Na altura não gostei do caminho que estava a tomar e pu-lo de lado. Mas agora olho para ele e reconheço-me: o rosto, o olhar, o gesto da mão e o cabelo que há muito não tenho. E gosto!

- Retratos -