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outubro 13, 2021

A exposição continua


Continua patente ao público a minha exposição "Mudar de pele", em Santiago do Cacém, na Sala Multiusos da Fundação Caixa Agrícola Costa Azul. Até 16 de outubro. Os últimos dias de visita são as próximas 5.ª, 6.ª e sábado, das 14h às 18h?

atividades

outubro 11, 2021

Sobre "A superfície das coisas" - João Reis Ribeiro

Transcrevo, agradecendo, o texto escrito e lido por João Reis Ribeiro na apresentação (no dia 25 de setembro) do meu livro A superfície das coisas.

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É de Sophia de Mello Breyner uma interessante definição de poesia, constante num texto de homenagem a Jorge de Sena, datado de 1976: “A poesia não inventa outro mundo. Mas procura a verdadeira vida.” Longe da poesia está, pois, a ficção; bem pelo contrário, ao seu domínio pertence a demanda e a compreensão do essencial.

Ao intitular este livro como A superfície das coisas, António Galrinho pretende caminhar até ao mais profundo da vida e da sua complexidade, que residem, afinal, num olhar lento e pensado sobre a nossa circunstância, quase como se a “superfície” fosse a camada que precisa de ser retirada, ou aberta, para que as coisas sejam. E será debaixo dessa superfície que surge a vida na sua perfeição, a vida que é - ou não estivesse o poema dividido em sete partes e cada uma delas noutros sete segmentos, pormenor simbolicamente estruturante, totalizador e mágico, haja em vista toda a ligação que as mais diversas culturas têm ao número sete...

“Reflexão” se intitula o primeiro septenário, sendo a incursão inicial em torno da inevitabilidade e da presença da morte em todo o percurso da vida, que, mesmo assim, é qualificada como “preciosa”, adjectivo intenso na valoração, e como “única”, qualificativo prenhe de sentidos e de relativização. O que parece conferir este elevado estatuto à vida é o encontro com a alma, remetida para o sentir, para o amor, formas próximas de explicar um mundo de dúvidas, ainda que de maneira ilusória.

O segundo conjunto toma o título do livro, “A profundidade das coisas”, um caminhar até “misterioso interior”, amplo espaço de escuridão, com o poeta a tentar orientar-se pelos sentidos e a registar o seu “espanto” que não quer descrever, que não pretende definir, pois “palavras são compromissos” e “compromissos são prisões”.  Na verdade, este poeta acaba por não querer “escavar mais nas coisas”, preferindo “o suave respirar da superfície / ao pesado sufoco da profundidade”, pois não quer correr o risco de aniquilar a doçura dos sentidos, campo que domina a terceira parte, “Lamber amor”, um título todo ele sensorial, a cobrir as sensações experimentadas desde o nascimento, na relação estabelecida entre mãe e filho, passando pela descoberta e construção do amor, num trajecto animado pelas sensações, por ondas de erotismo, numa valorização trazida pelo jogo de palavras, em que se acentuam os “mistérios a descobrir”.

E entra o leitor na quarta parte, “Complexa inteligência”, conjunto de poemas dominados por olhar mais científico, percurso entre o “big-bang” e o ser humano em que sucedeu “tudo    muito    devagar”, aí se incluindo a criação das ilusões e a contradição maior que o ser humano criou, ignorando a demora, acelerando o mundo - “Eagoratudosepassatãodepressa / Tão difícil de parar”, distâncias graficamente assinaladas por maior separação entre as palavras quando se fala da vagareza da criação e pela sua junção quando se evoca a rapidez da vida.  

Pressente-se assim que as construções que têm a mão humana poderão não ser o melhor - e, por isso, o grupo “Sérias ideologias” se reveste de alguma disforia ao ironizar sobre as ideologias e as suas consequências, nefastas pelas tragédias provocadas em seu nome, quase interrogando sobre o papel que ao homem possa estar reservado...

Contudo, as duas últimas partes carregam alguma esperança, não porque constituam um programa alternativo, mas porque proporcionam a afirmação do poeta nas suas “Divagações” de independência e de se sentir alheio à máquina que trucida o tempo, assumindo um caminho próprio - “Fiz de mim uma construção / onde gosto de estar // Nela habito e nela sonho // Se essa construção deixar de me agradar / Erguerei outra”. É o poeta no seu paraíso, no seu jardim das delícias, jogando consigo próprio, aceitando-se e recusando-se, em permanente questionamento.

Todos estes passos são necessários para atingir o final em “Pacificadoras palavras”, surgindo nos sete poemas essa remissão do poeta para um mundo de mais silêncio, com palavras “sem som e sem forma”, que não prendam, buscando equilíbrio e paz. É nesta derradeira parte que o poeta se afirma, distanciando-se do banal e aproximando-se do mundo através do utensílio com que trabalha, a palavra - “Estou aberto para o mundo / Através dos meus sentidos / Ao mundo me conecto através deles / E das palavras que dele dizem // Ligar-me às palavras / E por elas ligar-me a tudo / Aí reside a grande magia”.

A superfície das coisas cumpre assim a sua peregrinação, permitindo a incursão no mistério, desconstruindo convenções e protegendo o essencial. Era necessário que este trajecto se cumprisse para a valorização da própria poesia e para a afirmação do poeta - é que, como registou Tolentino Mendonça, “a poesia não serve para distrair, nem ornamentar, mas para nos reconduzir em chave sapiencial ao coração da vida.” É aí que se encontra o paraíso!

João Reis Ribeiro
2021-09-25

- A superfície das coisas - Atividades -

setembro 29, 2021

Exposição de Santiago do Cacém

 
A exposição "Mudar de pele" continua patente ao público em Santiago do Cacém, na Sala Multiusos de Fundação Caixa Agrícola Costa Azul, no Largo do Pelourinho. Até 16 de outubro, de 5.ª a sábado, das 14h às 18h.

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setembro 23, 2021

A superfície das coisas



É no próximo sábado, dia 25 às 16h, na Biblioteca Municipal de Setúbal, a apresentação deste meu livro de poesia. Trata-se duma obra introspetiva, com abordagens muito pessoais sobre assuntos que, dum modo ou doutro, a todos dizem respeito, ou todos tocam. 

Ligar-me às palavras 
E por elas ligar-me a tudo
Aí reside a grande magia

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