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A profundidade das coisas - partes I e II
I
Dei por mim tentado pela profundidade das coisas
Por me terem convencido da sua existência
Passei anos buscando a profundidade das coisas
Na solidez aparente da realidade do mundo
Na ilusória sabedoria dos livros dos sábios
Na beleza e em tudo o que nas artes pode haver
Até no misterioso interior de mim
Me convenci haver o que escavar
Mas de tão fundo penetrar encontrei escuridão
Como acontece quando se desce a um poço fundo
II
Não vou descer ao poço fundo
Se à superfície vejo melhor
Não vou meter-me gruta adentro
Se cá fora tenho luz
Não vou procurar a luz ao fundo do túnel
Se a tenho antes de nele entrar
Quanto mais entro na profundidade das coisas
Mais se me penumbra a vista
Avançar na profundidade das coisas
É provocar cataratas nos próprios olhos