abril 27, 2022
abril 24, 2022
Um carro dos Flintstones
abril 21, 2022
As maiores tragédias da humanidade
abril 18, 2022
Anacíclico de orar
abril 15, 2022
Retrato duplo - Piero della Francesca
Este retrato duplo, da autoria de Piero della Francesca, mais concretamente Retrato de Federico de Montefeltro e de sua esposa Battista Sforza, é encantador pela simplicidade compositiva e pela complementaridade dos contrastes: as figuras estão de perfil e olham-se nos olhos; a cabeça dela aproxima-se dum círculo, a dele dum quadrado; ela tem pele clara, ele morena; a roupa e adornos dela têm cores suaves e neutras, a roupa e chapéu dele são dum vermelho intenso; a paisagem de fundo é a mesma, numa continuidade apenas interrompida pela moldura, também ela dupla, que envolve os dois retratados.
abril 12, 2022
Às vezes qualquer coisinha me pode aborrecer
abril 08, 2022
abril 03, 2022
Anta de Pavia / Capela de D. Dinis
abril 01, 2022
Altos contrastes - V
Perto de Nápoles ficam Herculano e Pompeia, cidades que foram soterradas pela gigantesca erupção do Vesúvio no ano 79. São visitas incontornáveis, sobretudo para amantes de história e de arte. Herculano fica junto ao mar, e antes da erupção ficava mesmo colada à praia. Da cidade romana conhece-se apenas uma pequena parcela, já que o resto continua sob vários metros de cinzas do vulcão que, por sua vez, têm a cidade atual por cima. Templos, casas particulares, lojas, ruas e pequenas praças mostram aquilo que foi uma cidade viva há dois mil anos. Algumas paredes têm frescos em estado razoável, outras têm mosaicos em ótimo estado, no chão ou em paredes. Não custa adivinhar como as pessoas por ali se movimentariam. Pompeia é maior, mas também está longe de se conhecerem os seus reais limites. No casario comum há quase sempre um ou outro aspeto que se destaca: um pormenor decorativo, um recanto de lazer, um pátio particularmente sumptuoso, etc. Tem lojas e espaços de convívio, dois teatros e um anfiteatro, templos ou aquilo que resta deles, alguns bem grandes. E depois há as longas ruas e os grandes fóruns. Também algumas estátuas, pois a maioria, assim como diversos mosaicos e frescos, foi levada para museus. Percebe-se bem os materiais e as técnicas utilizadas na construção, que impressionam pela criatividade e rigor. Mas algo haveria de me surpreender mais ainda nesta viagem a Nápoles e arredores. Os gregos expandiram o seu domínio para lá do seu território original em torno do mar Egeu. O terço sul da atual Itália, assim como a Sicília, fizeram parte da Magna Grécia, onde foram fundadas diversas cidades, entre elas Neapolis e Paestum. Os três templos gregos de Paestum estão melhor conservados do que qualquer outro templo similar na Grécia, apresentando o peristilo completo, várias das colunas interiores e alguns frontões. E dois deles são grandes, bem grandes, apresentando ainda uma geometria rigorosíssima, nas formas e nas proporções. Emocionaram-me estes templos feitos há 26 séculos, assim como o espaço envolvente, pois o que ali está tem a ver com uma parte significativa das minhas raízes culturais. O museu de Paestum mostra várias peças encontradas na cidade e arredores: vasos, esculturas, objetos diversos e várias túmulos. Os túmulos eram como pequenas casas, formados por lajes de pedra rebocados e pintados com frescos por dentro. Com poucas cores e sem grande preocupação com a tridimensionalidade, essas pinturas de pequenas dimensões representam cenas da vida do falecido ou da sua preferência, assim como a sua própria cerimónia fúnebre. Mas como não quero terminar esta sequência de cinco crónicas a falar de morte, termino apenas dizendo que saí muito vivificado desta viagem de oito dias.
- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -