Essa coisa estranha do meio-sono conduz-me a pensamentos soltos, quero dizer, livres e descontrolados, que se criam a si mesmos e se vão por si mesmos. Com o álcool isso também acontece, mas não gosto de o usar como motor de libertação de pensamentos. Aliás, uso-o pouco e, por norma, como complemento de algum alimento sólido. Outras drogas não conheço. De onde e como vêm, e como se apagam tantas vezes os pensamentos em estado de semissonolência, é um mistério de que gosto. Sinto tais pensamentos mais certeiros do que aquilo de que sou capaz. Trazem-me ideias, sensações ou coisas que não sei nomear, coisas que estão para além de mim e me esclarecem, sem que lhes peça que apareçam e me esclareçam. Mas são bem-vindos porque há neles algo de libertador.
- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -