Primeiro subiu por uma escada que só descia. Depois por uma que não subia nem descia. Na terceira escada tropeçou no segundo patamar do primeiro degrau. A quarta escada tinha um patamar a menos e dois degraus a mais. Depois entrou e saiu por um labirinto sem entrada nem saída nem labirinto. Fechou a porta já fechada. Subiu ainda três escadas que eram um só degrau. Deitou-se na cama já deitada. Bebeu duas vezes a garrafa já bebida outras tantas. Abriu outra garrafa já aberta e, numa dança louca, banhou a cama de vinho. Tentou dormir para esquecer a posterioridade das paredes falsas.
— Que grande vida! Que grande merda de vida!
Foi-lhe impossível dormir. Levantou-se durante a noite. Meteu a estante no bolso das calças, a secretária debaixo da cama, a jarra com flores secas no bolso do colete, a mesa-de-cabeceira debaixo da cabeceira e pendurou a cadeira no cabide.
Saiu antes de a noite ir embora. Saiu dificilmente, pois esquecera-se para que lado abria a porta… Na escada foi mais fácil: era a descer. As ruas vaguearam por ele. O sol ainda não rompera as densas nuvens. Atravessou a cidade numa agonia dura. Chegou ao alto castelo com os seus passos improvisados.
Subiu a mais alta torre e, cheirando o dia que se adivinhava, lançou-se de braços abertos lá para baixo, onde as casas são pequenas e por isso não cabem lá os homens. Mas uma força puxou o seu corpo para cima e encaminhou-o para um bando de aves que tinha uma rota em riste. Alinhou no seu alinhamento.
Então, caiu-lhe a estante do bolso das calças e a jarra com flores do bolso do colete. Caíram-lhe também as calças e o colete e tudo o mais que não fosse pureza. Nessa altura o sol rompeu as nuvens. Mas os seus raios não chegaram à cidade; iluminaram apenas toda aquela metamorfose.
Ele foi e não quis mais voltar.
Não é que eu ande sempre com este meu amigo para poder contar isto; eu já o conheço é muito bem e sei que ele faz isto todos os dias.
— Que grande vida! Que grande merda de vida!
Foi-lhe impossível dormir. Levantou-se durante a noite. Meteu a estante no bolso das calças, a secretária debaixo da cama, a jarra com flores secas no bolso do colete, a mesa-de-cabeceira debaixo da cabeceira e pendurou a cadeira no cabide.
Saiu antes de a noite ir embora. Saiu dificilmente, pois esquecera-se para que lado abria a porta… Na escada foi mais fácil: era a descer. As ruas vaguearam por ele. O sol ainda não rompera as densas nuvens. Atravessou a cidade numa agonia dura. Chegou ao alto castelo com os seus passos improvisados.
Subiu a mais alta torre e, cheirando o dia que se adivinhava, lançou-se de braços abertos lá para baixo, onde as casas são pequenas e por isso não cabem lá os homens. Mas uma força puxou o seu corpo para cima e encaminhou-o para um bando de aves que tinha uma rota em riste. Alinhou no seu alinhamento.
Então, caiu-lhe a estante do bolso das calças e a jarra com flores do bolso do colete. Caíram-lhe também as calças e o colete e tudo o mais que não fosse pureza. Nessa altura o sol rompeu as nuvens. Mas os seus raios não chegaram à cidade; iluminaram apenas toda aquela metamorfose.
Ele foi e não quis mais voltar.
Não é que eu ande sempre com este meu amigo para poder contar isto; eu já o conheço é muito bem e sei que ele faz isto todos os dias.
(Conto escrito aos 16 anos)
- do livro Escritos de juventude -