Gatos a miar na altura do cio, lembrando crianças em birra de final de choro forte e longo, ora me aborrece, ora me concentra para ouvir esse canto guerreiro em tom de lamentação, improvisado e ao desafio. Bem conheço esses sons e até gosto de os imitar; e percebo quando os machos se provocam e dão patadas na cabeça; e depois se envolvem em bulhas com miados e guinchos; e voltam a separar-se e a ameaçar-se; e corre um atrás de outro, que se esconde ou sobe a um muro. E depois termina, com um a desistir do desafio e da luta pela conquista da gata que andará por perto. Se não é assim o que não vejo ou não sei, por ser noite, imagino maneira de o ser por já ter visto.
- do projeto Noitário dum insone -