novembro 13, 2024

Proteção



Proteção - Acrílico sobre tecido, lado menor: c.155cm

- Silhuetas -

novembro 01, 2024

Como não andei por aí... - Hugo Pratt


Este quadrinho da Fábula de Veneza, uma das aventuras de Corto Maltese, de Hugo Pratt, mostra como pode ser difícil cada um ser apenas ele mesmo, já que isso pode causar incómodo aos outros e problemas ao próprio.

- Outras artes -

outubro 23, 2024

A vida é o futuro - José Mujica

 

Esta imagem é a captura de ecrã duma passagem dum discurso de José Mujica onde ele fala da vida e de como ela se desperdiça, da atuação dos políticos e das pessoas em geral, do passado, do presente e do futuro, de não aprendermos com os nossos próprios erros, etc. Vale muito a pena ver o vídeo na íntegra, assim como ler alguns textos dele que estão editados. A pessoa José Mujica manteve-se inalterável nos seus princípios e valores enquanto presidente do Uruguai, recusando regalias e mordomias.

- Pessoas - 

outubro 14, 2024

Cumprimentos de desconhecidos

Há três dias, depois de sair do ateliê e logo após virar uma esquina perto, deparei com um homem baixo, de aspeto humilde e pobre, com um boné com a pala um pouco para o lado, que vinha em sentido contrário. Olhou para mim, fez um sorriso e estendeu uma mão fechada na minha direção. O gesto pedia um cumprimento, a que eu correspondi do mesmo modo, tocando com a minha mão fechada na dele. Não parámos nem trocámos palavras. Anteontem, andei descontraidamente por um jardim onde dois rapazes com cerca de dez anos jogavam à bola, chutando-a de um para outro a uma certa distância. Um deles, logo após ter pontapeado a bola, virou-se para mim e disse "Olá!", sorrindo. Eu abrandei o passo, retribuí o cumprimento e perguntei "És bom jogador?" Ele respondeu "Sou, pois!" e eu disse-lhe "Boa!" Ontem, no mesmo jardim onde andei anteontem, passei ao pé dum homem alto que estava parado a fumar ao lado do caminho, com um cão. Virou-se para mim e cumprimentou-me com um "Boa tarde", tendo eu respondido do mesmo modo. Não parei, não houve mais conversa nem necessidade dela. Hoje, à saída do auditório da biblioteca municipal onde eu acabara de dar uma palestra, um homem cuidadosamente vestido, penteado e escanhoado dirigiu-se a mim, apertou-me a mão e disse uma frase comprida de que captei um sentido impreciso por estar ainda com a cabeça muito preenchida pelas imagens e palavras da minha palestra. Sempre achei que se as pessoais se cumprimentassem e tocassem mais, inclusive sendo desconhecidas, como aconteceu comigo em quatro dias consecutivos, as tensões pessoais diminuiriam e o relacionamento social tenderia a ser mais fraterno. Mas a sociedade incita ao individualismo e à competição, criando cada vez mais obstáculos à proximidade e à confiança mútua.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

setembro 30, 2024

Não simpatizo com certas pessoas

E muitas vezes não sei porquê. Estou a pensar em pessoas da minha cidade que até fazem coisas úteis e de alguma importância, na área da cultura, por exemplo. Mas não simpatizo com elas porquê? Simples pergunta para a qual não tenho uma resposta que encerre o assunto. Mas talvez tenha várias ou meias respostas, todas elas tontas. Será dum certo modo de quem se mostra saber mais do que os outros, do olhar de quem inquire, da expressão facial de quem despreza, da linguagem corporal de quem se exibe. Será do formato da cabeça com semelhanças às de quem tem tem algum atraso, do perfil do rosto que parece mostrar pouca inteligência, da presunção dos temas abordados, do snobismo das palavras utilizadas. Será? Não condeno as pessoas por tão pouco. Talvez parte destas minhas antipatias tenha a ver com as antipatias que algumas dessas pessoas têm para comigo, ou julgo que terão, sem que saiba porquê. 

- Do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

setembro 17, 2024

Pudor

Pudor - Acrílico sobre cartão, 100x70

- Nus e seminus -

setembro 12, 2024

O inferno num espelho



Há dias, no bar La Bohème, em Setúbal, deparei com esta imagem curiosa: Do lado de lá do balcão, num espelho com moldura de inspiração rococó, estava refletido um pormenor do quadro O Inferno, de Bosch, cuja reprodução se encontra numa parede que estava por trás de mim.

- Coisas por aí -

 

agosto 28, 2024

Tejo como um espelho

É raro ver-se o Tejo assim, refletindo como um espelho. É raro e belo, mas não é bom sinal, já que isto só é possível com as águas paradas das barragens, que afetam negativamente os rios, suas faunas e floras. Esta fotografia foi tirada da ponte de Belver, tendo ao centro o castelo e algum casario da vila.

- Coisas por aí... -

agosto 15, 2024

O homem porco e mal disposto

Um homem gordo como um porco, feio como não sei quê e trombudo como tanta gente que por aí anda, saiu do supermercado e dirigiu-se para o carro. Podia estar mal disposto devido a algo que se terá passado no supermercado, mas o mais certo era sofrer de má disposição permanente, o que fazia dele ainda mais feio do que seria se estivesse tranquilo. Mas o que achei ainda mais feio nesse homem gordo, e me leva a chamar-lhe porco, é que ele abriu uma porta do carro e dele tirou um maço de tabaco amarrotado que atirou para o chão, juntamente com mais dois ou três pequenos papéis, fechando depois a porta com um gesto largo e bruto, como se o seu corpo ocupasse todo o largo espaço de estacionamento. Depois entrou no carro com a dificuldade própria de quem ocupa muito espaço e seguiu caminho com a condução própria de quem está chateado com o mundo.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

agosto 06, 2024

A conversão de São Paulo - Caravaggio

 

Este quadro regista o momento em que Paulo de Társio cai do cavalo depois de lhe ter aparecido uma luz forte que o ofuscou, acompanhada por uma voz. Após este episódio, o guerreiro perseguidor dos seguidores de Cristo tornar-se-ia o apóstolo São Paulo. A composição é, como se pode ver, completamente fora do comum, com as figuras compactadas pelos limites do quadro. Esta luz e estas sombras são... as de Caravaggio no seu melhor.

- Os meus quadros preferidos -

julho 31, 2024

Ditirambo - Miguel Torga

É o amor que me inspira.
Amo a vida, esta bela prostituta.
Esta mulher tão pura e dissoluta
No mesmo instante,
Que não dá tréguas a nenhum amante.

Amo-a, e canto esse gosto renovado
De uma grande paixão sobressaltada.
Dum leito de soluços e suspiros
Misturados
Ergo a voz e celebro
Os sublimes deuses
Que, divinos, me deram
O bem humano que nunca tiveram.

- Textos de outros autores -

julho 23, 2024

Pesadelo

 
Depois de largos meses sem pegar em qualquer trabalho sobre tecido, atirei-me a este, cujo desenho-base há muito aguardava continuação. Em três dias ficou terminado. Gosto da carga dramática deste Pesadelo, com 1,55m x 2,14m. 

- Esfregaços -

julho 15, 2024

Afinal...

Afinal, ao contrário do que me pareceu, o Andreas não estava bem, como escrevi aqui há três meses. A felicidade com que fiquei ao ver reconhecida a sua mestria na azulejaria, na recente exposição do Museu Nacional do Azulejo, foi confrontada com a terrível notícia da sua morte, que aconteceu anteontem. Não é a minha felicidade ou infelicidade aquilo que quero noticiar, mas a partida do Andreas e o modo cruel como sucedeu. Eu não fui ao velório, podendo ter ido, nem irei ao funeral, podendo ir. Nunca percebi por que vou umas vezes e outras não, apesar de isso nada ter a ver com o grau de proximidade ou de estima para com a pessoa. Também não é a minha presença ou ausência das cerimónias fúnebres aquilo que quero noticiar, mas a partida do Andreas, e lembrar que deixou muita obra para apreciarmos: desenhos, pinturas, esculturas e azulejos. Além de boas memórias em quem com ele privou.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

julho 02, 2024

1 de julho, Fausto e eu

Fausto foi um dos maiores cantautores que Portugal teve. Por este rio acima, o seu disco mais notável, é uma obra-prima de criatividade e diversidade, de qualidade poética, musical, instrumental e vocal. Ouvi-o e cantei-o imensas vezes. Alguns temas são verdadeiramente enfeitiçantes, como Porque não me vês, O que a vida me deu ou Lembra-me um sonho lindo. Tive o privilégio de ver e ouvir Fausto num concerto memorável em Setúbal, no dia em que fiz 19 anos, poucos meses depois de sair o Por este rio acima. À hora do meu nascimento, Fausto cantava Navegar, navegar. Morre quarenta e um anos depois, no dia em que fiz 60 anos. Ficam os discos, as gravações de concertos, as suas canções e a vontade de continuar a ouvi-las.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -

junho 27, 2024

Rapariga com mala


Rapariga com mala - Acrílico sobre cartão, 100x70 

- da série Surpreendidos -

junho 15, 2024

Ideias mil

Ultimamente têm-me ocorrido ideias e ideias de coisas para pintar e de coisas para escrever. Algumas dariam boas obras, se as pusesse em prática. Mas as coisas do dia-a-dia, que têm de ser feitas, preenchem-me muito tempo, pelo que muitas dessas ideias não as alimentarei nem porei em prática. Serão opções de sobrevivência, prescindindo da arte para tratar da vida, ou tratar da vida para não sufocar com a arte.

- Do projeto Sincrónicas e anacrónicas -