Tive dois sonhos assustadores na mesma noite, pareceu-me que um a seguir ao outro, como se fossem episódios dum mesmo filme com um curto intervalo entre eles. No primeiro estava eu numa pequena habitação de campo, toda arranjadinha, confortável. Mas o sonho passava-se na sala dessa casa, que tinha uma casa-de-banho a um canto, sem parede ou porta a separá-la. A longa banheira tinha um terço da sua altura com água. No canto do teto sobre a banheira havia uma abertura, como um buraco com cerca de meio palmo, da qual caíam grandes dejetos humanos sólidos, vulgo cagalhões, para dentro da banheira. Eu estava espantado e enojado com aquilo, mas uma mulher que procedia à recolha dos dejetos e consequente limpeza da banheira, explicou tratar-se duma coisa normal caírem os dejetos do andar de cima para aquele. O segundo sonho passava-se na sala duma pequena e antiga moradia que estava em obras. Era uma sala-cozinha completamente de pantanas, sem móveis nem armários, com partes demolidas, quase às escuras. Estava uma tempestade e caía água do teto para uma poça de água no chão, todo escaqueirado pelas obras. Um homem retirava a água com uma pá, para os lados e contra uma parede, mas ela voltava para a poça, onde se misturava com cacaria e detritos da obra.
- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -