dezembro 30, 2021

Descobertas, não!

Nem descobertas nem descobrimentos. Uma palavra mais adequada para designar a epopeia marítima, e consequentemente terrestre, de Portugal (e não só, claro) dos sécs. XV e XVI é conquistas. Mas a mais correta será invasões. Fala-se de invasões francesas e de descobrimentos portugueses. Como uma palavra pode ser rigorosa ou toldar a realidade dos acontecimentos! Vergonhosas invasões portuguesas deveria ser a expressão a adotar. Quem estava do lado de lá pouco ou nada negociou, e se o fez não foi de igual para igual; muito menos quis ou gostou daquilo que se passou. Houve façanhas gloriosas dum ponto de vista científico, sobretudo no que à navegação respeita, mas apenas essas. Tudo é resto é desrespeito pelas culturas e povos conquistados, subjugados, usurpados, mortos, violados, além do roubo de matérias primas e de objetos valiosos. Do lado de cá estava o poder de Deus, o verdadeiro, que os guiava; do lado de lá estavam uns deuszecos, pouco mais do que aprendizes de feiticeiro. Não!, do lado de cá estava o poder das armas e da tecnologia. E é quase sempre esse que, ao longo da história, tudo decide. Tivessem chegado portugueses, espanhóis, ingleses, holandeses, franceses ou italianos a paragens onde houvesse um poder bélico superior, esse Deus de nada lhes valeria. E outra história se havia escrito.

- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -