março 22, 2023

Às cavalitas do pai

Saídos do pequeno pedaço de praia que existe quase dentro da cidade, vinha um homem com o filho às cavalitas, certamente pai e filho. Homem alto, de calções e ténis e com uma pequena mochila às costas; rapazito pequeno, sentado nos ombros do pai, com um grande guarda-sol de braçado contra o peito. O pai ia de braços soltos, em marcha cuidadosa, para que o filho se aguentasse equilibrado; o filho ia sentido o balanço do corpo do pai, não se deixando atrapalhar com o grande guarda-sol de muitas cores. Parecia um treino para um número de circo, em que o homem testava a capacidade de equilíbrio da criança, e esta a sua capacidade de se equilibrar sem largar o que tinha nas mãos. Aproximavam-se do carro, ali estacionado, no momento em que me cruzei com eles. Não olhei para trás, pelo que não vi como desceu o filho dos ombros do pai.


- do projeto Anuário de banalidades -