Há compositores, instrumentistas ou cantores que se destacam por alguma particularidade, algo que confere um caráter muito peculiar à sua obra. Um deles é Chet Baker, que eu muito aprecio. Dentro do jazz, manteve sempre uma suavidade e uma delicadeza admiráveis, seja através da sua voz ou da sua trompete, instrumento habitualmente agressivo e dominador, mas que nos seus dedos e na sua boca se tornou suave como seda. A delicadeza da sua música está presente em toda a sua carreira, desde os tempos de juventude, em que passa por sex simbol, ao final da sua carreira e vida quando, com 50 e tal anos, aparenta ter 90. Muitos discos e imensas canções ele gravou, ao vivo e em estúdio. As suas versões de My funny valentine são as mais sentidas, belas e aveludadas que se podem encontram.
- do projeto Entre deuses e diabos -