Fora da área metropolitana de Nápoles parece que estamos noutro país. Ou será mais correto dizer que em Nápoles parece estarmos noutro país? Nem uma coisa nem outra. No fundo, a Itália é um mosaico de diversidade de regiões, cidades, geografia, línguas e dialetos, história e histórias. Muito do seu charme advirá dessa diversidade, assim como do culto da arte e da beleza. Dei um salto a uma das ilhas em frente da cidade, a mais falada, a mais turística, queira isso dizer o que quiser: Capri. Mas antes de falar da ilha, falo de mais um detalhe tipicamente italiano, ou napolitano: a pouca organização ou, pelo menos, a inexistência de rigor. Os horários da internete diziam uma coisa, nos folhetos estava outra, e o que estava indicado no próprio local era outra. O cais de embarque para o nosso barco era um num sítio e outros na boca de quem nos respondia, inclusive funcionários do porto. Só na altura, com as pessoas a dirigirem-se para um barco é que, finalmente, ficámos a saber o local; e soubemos a hora de partida quando se soltaram as amarras. na ilha fiquei algo desiludido, não com a ilha em si nem com as pessoas, mas com as expetativas que havia criado. Só lá estive meia-dúzia de horas e vi pouco. Achei feia a povoação de Capri, pouco interessante dum ponto de vista arquitetónico e urbanístico. Gostei de Anacapri, tanto do núcleo central como do casario e palacetes à volta, entrecortados por algum arvoredo. São povoações pequenas mas que enchem de gente no verão, como as outras a que não fui. As vistas junto à costa são bonitas, como habitualmente são as costas recortadas e com falésias. Gostei do sossego da ilha, no dia de inverno em que lá fui. No regresso foi outro stresse, com a compra do bilhete, o local de embarque e a hora do mesmo. Mas pronto..., à noite, já bem cerrada, estava de volta a Nápoles. Aliás, com chegada a outro cais. Fui também à Costa Amalfitana, de carro alugado. Nas estradas estreitas e cheias de curvas e contracurvas não há outra hipótese senão conduzir devagar e com muito cuidado. Mas, para meu espanto, fora da grande cidade, incluindo nas boas estradas planas e nas autoestradas, conduz-se calmamente e sem pressas. Também neste aspeto fiquei com a sensação de ter mudado de país. A Costa Amalfitana é a do lado sul da Península de Sorrento; o lado norte fica virado para Nápoles. Andei dois dias por ali mas nenhuma povoação me encheu as medidas. As paisagens e as montanhas, sim. A península é recortada e montanhosa. Da casa onde pernoitei, em Ravelo, via uma paisagem fantástica, impossível de ver em Portugal. A meus pés, quase a pique, socalcos com casas, quintais e quintinhas. À esquerda, uma montanha alta e com neve lá em cima; em frente, lá em baixo, uma pequena povoação com uma praias de seixos; à direita, o mar, calmo e plano. Com chuva era uma coisa, sem ela outra, e ainda outra com sol.
- do projeto Sincrónicas e anacrónicas -